sábado, 18 de junho de 2011

Especial corpo & mente

O especialista em relações familiares explica por que o ritual de se reunir à mesa na hora da refeição melhora as escolhas alimentares
FRANCINE LIMA
   Divulgação
Quem é Professor de ciência social da família na Universidade de Minnesota 

O que publicou Doze livros sobre as relações familiares, entre eles A família em primeiro lugar (Cultrix, 2005) 
Houve um tempo em que a mãe passava o dia em casa cozinhando. À noite, a família se reunia ao redor da mesa de jantar para comer e conversar sobre os acontecimentos do dia. O professor William Doherty, da Universidade de Minnesota, diz que esse velho costume, interrompido pela entrada da mulher no mercado de trabalho e pela correria da vida moderna, não deveria ter sido abandonado. Segundo pesquisas que ele vem acompanhando, o momento da refeição é considerado por pais e filhos como a principal oportunidade de se conectarem como família. Ganha em importância, inclusive, das atividades ao ar livre. Doherty falou a ÉPOCA sobre como tirar melhor proveito das refeições em casa.

ÉPOCA - Por que comer em família é importante?
William Doherty –
 Pesquisas recentes mostram que crianças e adolescentes ficam melhor emocionalmente e tiram melhores notas na escola quando fazem refeições com a família com mais frequência, especialmente quando conversam uns com os outros, dão risada, relaxam. Também há evidências de que a qualidade nutricional da refeição tende a ser melhor nesse cenário. Quando as refeições feitas em casa são mais frequentes, as crianças comem mais vegetais e alimentos mais nutritivos.

ÉPOCA - É comum haver conflitos e discussões à mesa. Como garantir uma refeição tranquila? 
Doherty –
 O ambiente tranquilo durante a refeição é um objetivo, uma condição para todos comerem juntos. Recomendo evitar disputas de poder nessa hora, com discussões do tipo “você tem de comer mais duas colheradas de feijão, senão não terá sobremesa”. Nessa situação, as crianças tendem a querer assumir o controle da vida delas decidindo não comer. E você não consegue forçá-las a comer. Todos os conflitos devem ser discutidos fora da mesa, em outro momento, nem que seja cinco minutos antes ou depois da refeição.

ÉPOCA - Crianças adoram fast-food. A refeição em família tem o mesmo efeito numa lanchonete? 
Doherty – 
Há pesquisas recentes mostrando que sim, a experiência familiar pode ser boa fora de casa também. Quando meus filhos eram pequenos, íamos comer pizza toda sexta-feira. Ficávamos cansados do trabalho a semana toda, ninguém queria fazer o jantar e todos gostávamos de pizza. As conversas eram ótimas e nos sentíamos muito conectados. Foi uma solução prática que se tornou um ritual.

ÉPOCA - E chamar a criança para participar do preparo dos alimentos? Ajuda? 
Doherty –
 Com certeza. É a melhor estratégia para deixá-la interessada na comida e para ensinar-lhe algo sobre nutrição. Quanto maior a participação no ritual, melhor a qualidade do ritual. Quando a mãe faz tudo sozinha, sem ajuda, os filhos se comportam como clientes – clientes que reclamam quando não se sentem bem atendidos.

ÉPOCA - O que fazer quando os horários não batem? 
Doherty –
 Comece com uma vez por semana. Pode ser o jantar, o café da manhã, tanto faz. Tão logo todos possam estar juntos, faça uma refeição especial, para essa experiência ter mais valor. Vale acender velas, pôr uma música ambiente, os melhores pratos e guardanapos bonitos na mesa. E, claro, uma comida saudável de que todo mundo goste. Isso dá uma sensação de grande prazer, que todos vão querer repetir.

Um dia de refeições saudáveis – e apetitosas – para suprir as necessidades nutricionais das crianças – por idade

   Reprodução

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